O que descobrimos em um processo psicoterapêutico?

Luiz Ricardo Oliveira

12/25/20242 min read

Muitas vezes, buscar ajuda psicoterapêutica é visto como algo cercado de preconceitos. Existe a ideia equivocada de que quem procura por terapia é "doido" ou possui uma falha de caráter. Superada essa barreira inicial, outra expectativa surge: acreditar que a terapia revelará o segredo único para uma vida plena. No entanto, é importante lembrar que, apesar de a psicoterapia ser um poderoso recurso, ela é apenas um dos elementos que podem contribuir para o bem-estar.

Durante o processo psicoterapêutico, muitas descobertas podem surgir. Aqui estão algumas delas:

  1. Você não está sozinho(a): As dúvidas, falhas, dificuldades e angústias que você enfrenta não são exclusivas. Elas fazem parte da experiência humana compartilhada.

  2. Seu contexto importa: Aspectos como família, educação, e até mesmo o cenário político e social podem influenciar muitos dos seus problemas. É essencial considerar esses fatores.

  3. Você não é seus pensamentos: Pensamentos não definem quem você é. Na terapia, você aprende a observar suas ideias sem se identificar plenamente com elas.

  4. A responsabilidade é sua: Apenas você vivencia as consequências de suas escolhas. Portanto, vale a pena reconsiderar a influência de opiniões alheias.

  5. Toda escolha tem consequência: Aprender a lidar com isso é um passo essencial para viver de forma mais consciente.

  6. Mente e corpo estão conectados: Cuidar da saúde mental também significa cuidar do corpo.

  7. Não é preciso sofrer para mudar: Crescimento e transformação podem ocorrer de forma acolhedora e compassiva.

Martin Buber, filósofo austríaco de grande influência na psicologia e na educação, afirmou que a mente jamais adoece sozinha. Ele argumenta que o adoecimento mental está frequentemente ligado a problemas relacionais ou à ausência do que ele chamou de "relação dialógica" — uma conexão significativa entre a pessoa e outro ser. Assim, se o adoecimento acontece na relação, é também na relação que o bem-estar pode emergir.

Nesse contexto, o trabalho do psicoterapeuta é, em grande parte, estar presente e disposto a se conectar com o paciente. Essa relação terapêutica ajuda a romper o “encasulamento” que caracteriza muitas afecções psíquicas. No ambiente terapêutico, cognições podem ser transformadas, pois ele oferece um campo de livre desenvolvimento. A pessoa é convidada a experimentar seus acertos e erros, percebendo-se em relação com outro que busca compreendê-la. A partir dessa experiência, é possível repensar e modificar o mundo exterior.

Vale destacar que a psicoterapia não é para todos e não resolve todos os problemas. Mas, para aqueles dispostos a vivenciar a experiência de forma aberta, aceitando tanto momentos de felicidade quanto de angústia, ela pode se tornar um ambiente de acolhimento e aprendizado profundo.

Se você sente que é o momento de explorar essas descobertas, considere iniciar sua jornada na psicoterapia. A sua saúde mental merece esse cuidado.